Polícia trata o caso como 'stalking' qualificado, com uso de celulares para ameaças, difamação e chantagens contra padre da Diocese de Criciúma. Celulares foram apreendidos em operação em Imbituba.
A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou na tarde desta sexta-feira (1º) uma operação no município de Imbituba para apreender celulares e outros materiais usados por uma mulher suspeita de praticar uma série de crimes contra um padre da Diocese de Criciúma.
A ação foi coordenada pela 2ª Delegacia de Polícia de Criciúma, com apoio do município de Nova Veneza, e resultou na apreensão de três smartphones novos, que estariam sendo utilizados para envio de conteúdos ofensivos e ameaçadores.
Segundo a investigação, a suspeita passou a perseguir o sacerdote depois de procurar apoio espiritual no Santuário de Nova Veneza. A partir disso, ela teria tentado se aproximar de forma amorosa do padre e, após ser rejeitada, começou uma campanha de difamação.
O caso se arrasta há mais de um ano e envolve o envio constante de áudios, mensagens, imagens e prints manipulados, com o objetivo de prejudicar a imagem do religioso. Além disso, a suspeita acompanhava sistematicamente transmissões ao vivo de missas e terços, supostamente para intimidá-lo ou vigiar suas ações públicas.
As ações da mulher não teriam se limitado ao padre diretamente envolvido. Outros sacerdotes e até empresários ligados à diocese também foram citados ou usados em estratégias indiretas da suspeita, sempre com o objetivo de “denegrir a imagem da vítima”, segundo o inquérito policial.
Na representação criminal e nas manifestações posteriores, foram apontadas pelo menos dez infrações penais supostamente praticadas pela mulher. Entre os crimes estão: stalking, calúnia, difamação e injúria, ameaça, falsa identidade, divulgação de comunicações privadas, perturbação da tranquilidade, falsidade ideológica e tentativa de extorsão.
A Polícia Civil trata o caso como perseguição qualificada, podendo incluir também crimes contra a honra, assédio moral e uso indevido da internet para disseminação de conteúdo ofensivo.
Após a apreensão dos aparelhos, o material será periciado. A suspeita será interrogada formalmente e, em seguida, os autos serão enviados ao Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia à Justiça.
O advogado Jefferson Monteiro, que no ato representa o padre, disse que a operação de hoje representa um passo importante para recuperação da dignidade do sacerdote.
“Desde o início deste processo, optamos por um acompanhamento silencioso, técnico e responsável. Foram meses de levantamento minucioso de provas, cruzamento de informações, escuta da vítima e articulação institucional, tudo de forma reservada.
A vítima, um sacerdote com sólida vida pastoral e reputação ilibada, foi alvo de uma campanha de perseguição intensa, que envolveu chantagens, ameaças veladas e o vazamento de conversas privadas manipuladas com o claro intuito de causar constrangimento público, abalo emocional e dano irreparável à sua imagem.”
A Diocese de Criciúma e o Santuário de Nova Veneza ainda não se manifestaram publicamente sobre o caso.
Via Jornal Razão