O feito foi reconhecido pelo Guinness World Records, que confirmou a maior separação geográfica já registrada em uma operação cirúrgica, superando o recorde anterior, de pouco mais de 12 mil quilômetros, realizado entre Casablanca (Marrocos) e Xangai (China).
Tecnologia de ponta
O procedimento utilizou o robô cirúrgico MP1000 da Edge Medical, considerado de última geração. Para garantir a segurança e a estabilidade da operação, foram mobilizados dois robôs cirúrgicos e equipes de cirurgiões experientes em ambos os países. A comunicação em tempo real foi viabilizada por um sistema de decodificação de sinais de alta fidelidade.
A Ligga Telecom foi responsável por toda a conectividade nacional entre o hospital e o data center em São Paulo, assegurando ultra baixa latência durante o processo.
Marcelo Loureiro, idealizador da iniciativa e coordenador da Scolla Centro de Treinamento Cirúrgico, destacou o impacto do avanço:
“Hoje mostramos que é possível realizar cirurgias complexas à distância, com total segurança, eficiência e qualidade. Essa tecnologia permite que profissionais qualificados atendam pacientes em qualquer lugar do planeta, promovendo maior acesso e equidade na saúde”, afirmou.
Testes anteriores
A tecnologia já havia sido validada em agosto, quando foi realizada, pela primeira vez na América Latina, uma cirurgia robótica à distância. Na ocasião, o cirurgião digestivo Paolo Salvalaggio, do Hospital do Câncer de Cascavel (CEONC), conduziu a retirada da vesícula de um suíno em Campo Largo, a quase 500 quilômetros de distância.
Esse experimento envolveu fibra óptica, internet móvel 5G, 6G e satélite, garantindo estabilidade de conexão entre os equipamentos.
Impacto no ensino superior
O avanço tecnológico terá reflexos diretos na formação de médicos no Paraná. Alunos e professores do curso de Medicina da Unioeste terão acesso ao mesmo robô cirúrgico utilizado no procedimento histórico.
A iniciativa faz parte de uma parceria entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, em Campo Largo. O governo estadual destinou R$ 2 milhões do Fundo Paraná para projetos de inovação em educação médica, incluindo treinamento em cirurgia robótica e diagnóstico por imagem.
Segundo o secretário Aldo Bona, o feito projeta o estado como referência global em inovação em saúde:
“O Paraná está dando um salto na formação de futuros médicos, trazendo para dentro das universidades estaduais a vivência com tecnologias que já são realidade nas grandes potências mundiais”, ressaltou.
O reitor da Unioeste, Alexandre Webber, também destacou a importância do investimento:
“Essa cirurgia histórica só foi possível graças à parceria estabelecida entre diferentes entes públicos e privados, um esforço conjunto que fortalece tanto a assistência em saúde quanto a formação de futuros profissionais”, afirmou.
Já o coordenador do curso de Medicina da instituição, Marcius Benigno, ressaltou que a incorporação da robótica na graduação acompanha o cenário internacional:
“As operações cirúrgicas com o auxílio da robótica já são uma realidade e vieram para ficar. Poder oferecer essa oportunidade aos acadêmicos e residentes é muito representativo”, concluiu.