Paraná entra para a história com telecirurgia de maior distância do mundo; Unioeste deve incorporar tecnologia



 O Paraná foi palco de um marco histórico na medicina mundial nesta terça-feira (23). Pela primeira vez, uma telecirurgia robótica foi realizada a mais de 13 mil quilômetros de distância, estabelecendo o novo recorde mundial. Um paciente atendido no Hospital Cruz Vermelha, em Curitiba, passou por uma cirurgia de hérnia inguinal conduzida por um cirurgião que estava no Hospital Jaber Surgery, no Kuwait.


O feito foi reconhecido pelo Guinness World Records, que confirmou a maior separação geográfica já registrada em uma operação cirúrgica, superando o recorde anterior, de pouco mais de 12 mil quilômetros, realizado entre Casablanca (Marrocos) e Xangai (China).



Tecnologia de ponta


O procedimento utilizou o robô cirúrgico MP1000 da Edge Medical, considerado de última geração. Para garantir a segurança e a estabilidade da operação, foram mobilizados dois robôs cirúrgicos e equipes de cirurgiões experientes em ambos os países. A comunicação em tempo real foi viabilizada por um sistema de decodificação de sinais de alta fidelidade.


A Ligga Telecom foi responsável por toda a conectividade nacional entre o hospital e o data center em São Paulo, assegurando ultra baixa latência durante o processo.


Marcelo Loureiro, idealizador da iniciativa e coordenador da Scolla Centro de Treinamento Cirúrgico, destacou o impacto do avanço:


“Hoje mostramos que é possível realizar cirurgias complexas à distância, com total segurança, eficiência e qualidade. Essa tecnologia permite que profissionais qualificados atendam pacientes em qualquer lugar do planeta, promovendo maior acesso e equidade na saúde”, afirmou.


Testes anteriores


A tecnologia já havia sido validada em agosto, quando foi realizada, pela primeira vez na América Latina, uma cirurgia robótica à distância. Na ocasião, o cirurgião digestivo Paolo Salvalaggio, do Hospital do Câncer de Cascavel (CEONC), conduziu a retirada da vesícula de um suíno em Campo Largo, a quase 500 quilômetros de distância.


Esse experimento envolveu fibra óptica, internet móvel 5G, 6G e satélite, garantindo estabilidade de conexão entre os equipamentos.


Impacto no ensino superior


O avanço tecnológico terá reflexos diretos na formação de médicos no Paraná. Alunos e professores do curso de Medicina da Unioeste terão acesso ao mesmo robô cirúrgico utilizado no procedimento histórico.


A iniciativa faz parte de uma parceria entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, em Campo Largo. O governo estadual destinou R$ 2 milhões do Fundo Paraná para projetos de inovação em educação médica, incluindo treinamento em cirurgia robótica e diagnóstico por imagem.


Segundo o secretário Aldo Bona, o feito projeta o estado como referência global em inovação em saúde:


“O Paraná está dando um salto na formação de futuros médicos, trazendo para dentro das universidades estaduais a vivência com tecnologias que já são realidade nas grandes potências mundiais”, ressaltou.


O reitor da Unioeste, Alexandre Webber, também destacou a importância do investimento:


“Essa cirurgia histórica só foi possível graças à parceria estabelecida entre diferentes entes públicos e privados, um esforço conjunto que fortalece tanto a assistência em saúde quanto a formação de futuros profissionais”, afirmou.


Já o coordenador do curso de Medicina da instituição, Marcius Benigno, ressaltou que a incorporação da robótica na graduação acompanha o cenário internacional:


“As operações cirúrgicas com o auxílio da robótica já são uma realidade e vieram para ficar. Poder oferecer essa oportunidade aos acadêmicos e residentes é muito representativo”, concluiu.






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