Um jornalista do The Washington Post contou sobre um episódio que viveu envolvendo o SUS (Sistema Único de Saúde), em uma matéria publicada no domingo passado. Terrence McCoy sofreu um ferimento na cabeça ao fechar o porta-malas de seu carro em Paraty, no Rio de Janeiro, e se surpreendeu ao não pagar nada pelo atendimento médico.
Terrence estava voltando para a capital fluminense, pois seu filho estava com febre. Ao colocar as malas no carro, o porta-malas se fechou inesperadamente e bateu em sua cabeça, causando um ferimento com sangramento intenso.
Uma ambulância foi chamada, e ele foi levado ao atendimento público da cidade, no Hospital Hugo Miranda. Durante sua passagem por lá, foi atendido por um médico, levou pontos, fez um raio-X, uma tomografia computadorizada e recebeu medicação. Tudo sem nenhum custo.
Uma das surpresas foi ter sido atendido sem questionamentos. O jornalista relata que tudo ocorreu de forma eficiente, sem que ninguém pedisse seu número de identidade ou perguntasse se ele tinha condições de pagar pelo atendimento.
Em um momento em que a assistência médica continua sendo uma das questões mais polêmicas em Washington — e o Congressional Budget Office [agência americana que fornece estimativas oficiais de projetos de lei no orçamento] estima que a legislação nacional do presidente Donald Trump pode deixar milhões de americanos sem seguro —, minha admissão inesperada em um hospital público brasileiro serviu como uma espécie de aprendizado sobre um sistema fundamentalmente diferente.", disse Terrence.
Terrence também reconheceu que o SUS enfrenta problemas. Correspondente internacional no Brasil há seis anos, ele afirmou que, embora o sistema atenda 70% da população, sofre com longas filas, greves e atrasos. Ainda assim, ressaltou que é melhor do que a realidade vivida por muitos nos Estados Unidos, onde não há atendimento gratuito disponível.
"O SUS está longe de ser perfeito. Pacientes esperam em longas filas por atendimento especializado. Legisladores o deixam subfinanciado. Trabalhadores entram em greve rotineiramente. O sistema cedeu durante os piores dias da pandemia do coronavírus e os hospitais começaram a recusar pacientes, gerando cenas de desespero em todo o país e inflamando divisões políticas.", disse o jornalista.
Filho de Terrence também foi atendido. A criança, que estava com febre, foi atendida por um pediatra após uma hora de espera e recebeu o diagnóstico de amigdalite, com a orientação necessária para o tratamento. "A conta do hospital do meu filho foi a mesma que a minha: US$ 0", escreveu o jornalista.
Fonte: UOL