Informações: BBC |
Apenas um único voto será suficiente para eleger o prefeito ou prefeita em 213 municípios do Brasil nas eleições de 2024. Isso ocorre em localidades onde apenas um candidato concorre ao cargo, o que garante a vitória mesmo que apenas o próprio candidato vote em si.
De acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o número de municípios com candidaturas únicas praticamente dobrou em relação a 2020, quando eram 107, atingindo o maior número registrado nas últimas sete eleições municipais.
### O que explica as candidaturas únicas
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, e o cientista político Eduardo Grin, da FGV EAESP, explicam que o recorde de candidaturas únicas é resultado de diversos fatores. Entre eles, a pandemia e desastres naturais, como as chuvas que devastaram muitas cidades do Rio Grande do Sul, estado que lidera o ranking com 43 municípios com candidaturas únicas. Outros estados com números significativos incluem Goiás (20), Tocantins (11), Mato Grosso (9) e Rio Grande do Norte (7).
Além disso, prefeitos bem avaliados, com forte apoio local, e a falta de uma oposição estruturada também explicam o fenômeno, especialmente em municípios pequenos. A vantagem financeira de prefeitos em reeleição, que frequentemente têm acesso a mais recursos por meio de emendas parlamentares, também desestimula novos candidatos.
### Impacto na democracia local
A falta de concorrência é preocupante do ponto de vista democrático. Segundo Grin, a ausência de candidaturas plurais enfraquece o debate político, reduz a transparência na administração pública e pode levar à acomodação política. Sem uma oposição ativa, a fiscalização das ações do governo local fica comprometida, o que pode impactar negativamente a gestão pública a longo prazo.
O levantamento da CNM também revela que a maioria dos candidatos únicos (72%) busca a reeleição. Essas candidaturas predominam em cidades pequenas, com média populacional de 6,7 mil habitantes, e são geralmente compostas por homens brancos, casados e com menor nível de escolaridade em relação à média nacional.
Especialistas acreditam que o número de candidaturas únicas pode aumentar nas próximas eleições, se o atual sistema de distribuição de recursos continuar favorecendo prefeitos em exercício, dificultando a formação de novas forças políticas locais.