A previsão é de que até o final deste sábado (10) seja concluída a remoção dos 62 corpos das vítimas do acidente aéreo em Vinhedo (SP), que estão sendo transportados ao Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo (SP). A informação é do perito criminal federal e diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), Carlos Palhares.
Em entrevista à imprensa, ele também relatou que a chuva e o frio atrapalharam os trabalhos durante a madrugada e que a retirada das vítimas tem sido gradual, para preservar os corpos.
Apesar de ter sido um sinistro aeronáutico complexo, nós entendemos que a situação dos corpos não vai ser um elemento complicador para a identificação, pelo menos dos corpos que foram retirados até agora. Existem corpos que estavam próximos da região onde estava o fogo, esses provavelmente serão mais complexos de serem identificados, mas não dá para dizer o que vai acontecer, não dá para prever também o prazo. O que dá para dizer é que os melhores peritos [...] estão trabalhando no caso [...] A expectativa é que até o final do dia todos os corpos sejam retirados
— Carlos Palhares, perito criminal federal e diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC)
Palhares também explicou que impressão digital, odontologia e exame genético serão as três metodologias principais utilizadas para identificação dos corpos. Ele detalhou que será seguido um protocolo internacional neste procedimento.
A seguir, entenda passo a passo como vai funcionar esse trabalho de identificação, que vai envolver peritos da Polícia Federal e da Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo.
Quais são os objetivos das perícias?
Segundo Palhares, a atividade pericial é dividida em dois grupos: um grupo que trabalha para a identificação dos corpos e outro que trabalha para a investigação do acidente aeronáutico para fins criminais, para entender se houve negligência, imprudência e imperícia.
Quais são os cuidados adotados na remoção?
Segundo o perito criminal, a equipe utiliza uma veste de proteção biológica.
"Os corpos estão numa situação especial para que nós façamos a remoção. Houve fogo, todos viram nas imagens que houve incêndio na aeronave. Isso demanda da polícia uma atividade um pouco mais cuidadosa para a remoção".
Segundo ele, esse trabalho recebe apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Quais são as etapas de identificação?
Palhares explica que a atividade de identificação é dividida em etapas.
"Aqui, tem uma etapa de lidar com os corpos. A gente retira os corpos com todo cuidado, utilizando aquelas vestes, com metodologias e sistemática especial. Esses corpos são levados para IML [Instituto Médico Legal], tem uma abordagem com os familiares e, depois, é feita a comparação desses dados. E aí, sim, os corpos são trazidos para os familiares".
Ele detalhou a etapa de acolhimento dos familiares das vítimas. "Essa atividade está sendo feita pela SPTC [Superintendência de Polícia Técnico-Científica], com o apoio da VoePass. Foi montada um local adequado para receber os familiares, com apoio psicológico, com todo o suporte necessário para que as pessoas que estão vivendo talvez o pior momento da vida delas possam ser tratadas com dignidade e com respeito".
Como é o protocolo internacional de identificação?
De acordo com o diretor do INC, são três metodologias principais: impressão digital, odontologia ou exame genético. No entanto, também há uma quarta possibilidade:
"Podemos, também, fazer entrega por exame antropológico, caso o passageiro tenha placas ortopédicas, ou alguma característica médica especial, e o familiar também nos comunique".
Palhares explica que a identificação por impressão digital é a mais rápida, quando é possível. Já a por odontologia depende de etapas como localizar o dentista da vítima e colher informações com ele, para iniciar o trabalho de comparação com o material colhido. Já a identificação por exame genético depende de coleta de material biológico de familiares das vítimas, preferencialmente pais e avós. "É um exame mais demorado", observou.
Quanto tempo demora para as identificações?
Palhares destacou que não é possível responder isso no momento atual.
"Não temos como dar prazo. Se o corpo for identificado por impressão digital, basicamente o processo de identificação é um processo comparativo. A gente tem que ter o mesmo tipo de informação no corpo e uma informação de referência. Esses três métodos que são utilizados, são utilizados porque normalmente as pessoas têm esses registros prévios, antes de morrer. A impressão digital é utilizada como registro civil, então todos os brasileiros, provavelmente os que estavam no avião tinham algum tipo de impressão digital. A maioria fez algum tipo de tratamento odontológico e o exame genético permite que a gente, mesmo sem ter alguma informação da própria pessoa, consiga estabelecer vínculos familiares".
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
"A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação".
Via g1