Eleições no Reino Unido: boca de urna dá vitória esmagadora a trabalhistas, que podem voltar ao poder após 14 anos

Os primeiros resultados de pesquisas de boca de urna no Reino Unido, divulgadas na noite desta quinta-feira (4) apontam para uma vitória esmagadora do Partido Trabalhista (centro-esquerda) sobre os conservadores nas eleições para o Parlamento britânico. Com isso, os trabalhistas devem voltar ao poder no Reino Unido após 14 anos.

Segundo a pesquisa, os trabalhistas obtiveram 410 assentos no Parlamento britânico, contra 131 dos conservadores do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. Para ganhar a maioria, um partido ou coalizão precisa de 326 cadeiras -- o Parlamento tem um total de 650 assentos. A imprensa britânica está tratando o resultado como uma "vitória de lavada" trabalhista.

Os números do último Parlamento, dissolvido em maio, expõem o tamanho da mudança: o Partido Conservador era maioria, com 344 cadeiras, e perderam mais de 200 assentos. Já os trabalhistas tinham 205 cadeiras, ou seja, dobraram o número de deputados do partido.

Com o resultado, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, deve se tornar o novo primeiro-ministro do Reino Unido -- veja quem ele é. A campanha dos trabalhistas focou em uma única palavra: mudança.

Starmer agradeceu aos eleitores após o fechamento das urnas. "A todos que fizeram campanha para o Partido Trabalhista nesta eleição, a todos que votaram em nós e confiaram no nosso Partido Trabalhista reformado - obrigado", disse Starmer em publicação no X (antigo Twitter).

A se confirmar os 131 assentos dos conservadores, esse será seu pior resultado em termos de cadeiras no Parlamento desde que começaram a se chamar Partido Conservador, na década de 1830, sob Robert Peel. O pior resultado conservador até então era de 156 assentos, em 1906.

As urnas fecharam às 18h (horário de Brasília). As pesquisas de boca de urna dão apenas um indicativo da apuração dos votos, ainda em andamento, mas o cenário já era esperado após pesquisas de intenção de voto indicarem vitória trabalhista com folga.

Mesmo antes da votação, os conservadores já atuavam na contenção de danos para tentar reduzir o número de cadeiras conquistadas pelos trabalhistas.

Veja abaixo os números de cadeiras conquistados por cada partido, segundo a pesquisa da Ipsos/BBC News/ITV News/Sky News:

  • Partido Trabalhista (centro-esquerda): aumenta de 205 para 410 assentos (205 a mais)
  • Partido Conservador (centro-direita): cai de 344 assentos para 131 (213 a menos)
  • Partido Liberal Democrata: aumenta de 15 para 61 (46 a mais)
  • Partido Reformista (extrema direita): aumenta de 1 para 13 (12 a mais)
  • Partido Nacional Escocês: cai de 43 para 10 (33 a menos)
  • Partido do País de Gales: sobe de 3 para 4 (1 a mais)
  • Partido Verde: sobe de 1 para 2 (1 a mais)
  • Outros: 19 (sem alteração)

Derrota conservadora

Os conservadores de centro-direita assumiram o poder durante a crise financeira global e venceram mais três eleições desde então. Mas esses anos foram marcados por uma economia lenta, serviços públicos em declínio e uma série de escândalos, tornando os "tories", como são comumente conhecidos, alvos fáceis para críticos da esquerda e da direita.

Sunak pegou todos de surpresa ao convocar, em maio, as eleições de forma antecipada. A manobra visava aproveitar um bom resultado de um balanço financeiro divulgado à época, sob a premissa de que os números não melhorariam mais que isso. O cálculo, no entanto, não deu certo.

Os tories, como são conhecidos os conservadores, também perderam votos por outros temas. É previsto que o novo Partido Reformista "roube" votos da ala direita dos conservadores pelas críticas ao governo por não conseguir controlar a imigração, um tema sensível aos britânicos.


Via g1

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