Ações da Petrobras despencam 6% após demissão de Prates; dólar fecha em alta

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira (B3), fechou em queda nesta quarta-feira (15), puxado principalmente pela forte queda nas ações da Petrobras, que chegaram a cair mais de 9% nas primeiras horas de pregão.

Segundo a B3, a negociação dos papéis chegou a ficar suspensa após a divulgação de um comunicado ao mercado feito pela empresa. No documento, a estatal afirma que seu conselho de administração aprovou o encerramento antecipado do mandato de Prates a partir de hoje. (veja mais abaixo)

Pesa nos negócios o anúncio de que Jean Paul Prates foi demitido da presidência da Petrobras, pouco tempo depois das polêmicas sobre a distribuição de dividendos da companhia se acalmarem.

Já o dólar fechou em alta, com investidores repercutindo novos dados de inflação nos Estados Unidos e em meio às incertezas que ainda existem sobre o futuro dos juros no país.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na véspera, também continua no radar.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar fechou em alta de 0,12%, cotado a R$ 5,1367. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

recuo de 0,40% na semana;

perdas de 1,08% no mês;

ganho de 5,86% no ano.

Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,39%, cotada a R$ 5,1303.

Ibovespa

O Ibovespa teve queda de 0,38%, aos 128.028 pontos.

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), que são as que dão direito a voto nas decisões da companhia, despencaram 6,78%.

As ações preferenciais (PETR4), que dão preferência no recebimento de dividendos, caíram 6,04%.

Com o resultado, acumulou:

ganhos de 0,34% na semana;

avanço de 1,67% no mês;

perdas de 4,59% no ano.

Na terça-feira, o índice teve uma alta de 0,28%, aos 128.516 pontos.

Petrobras

O grande destaque deste pregão foi a queda expressiva das ações da Petrobras, após a companhia informar que Jean Paul Prates foi demitido da presidência da empresa na noite desta terça-feira.

Segundo o blog da Natuza Nery, o presidente Lula havia decidido pela demissão de Prates há algum tempo, depois da sequência de desentendimentos do presidente da empresa com o governo federal, o principal acionista.

A gota d'água foi o desenrolar da polêmica sobre a distribuição de dividendos extraordinários pela petroleira. Prates foi contra a orientação do governo de reter os dividendos e se absteve na votação do assunto, um fato que não foi bem recebido no Palácio do Planalto.

O agora ex-presidente da Petrobras não se entendia com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, havia muito tempo. De acordo com o blog da Andréia Sadi, Prates disse que respeita a decisão, mas afirmou que não pode deixar de dizer que o presidente foi levado a adotar a medida por uma 'intriga palaciana'.

O argumento usado é o de que Jean Paul não estaria entregando resultados da Petrobras na velocidade em que o governo esperava.

Em comunicado ao mercado divulgado nesta quarta-feira (15), a estatal afirmou que seu conselho de administração aprovou o encerramento antecipado do mandato de Prates a partir de hoje. Com isso, o agora ex-presidente da Petrobras também apresentou sua renúncia ao cargo de membro do conselho.

"Em decorrência da vacância na presidência da companhia, o presidente do conselho de administração nomeou como presidente interina da companhia a diretora-executiva de assuntos corporativos, Clarice Copetti", informou a empresa no documento.

O então diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sergio Caetano Leite, também foi destituído do cargo. Em seu lugar, o conselho de administração nomeou o atual gerente executivo de finança, Carlos Alberto Rechelo Neto, de forma interina.

Frederico Nobre, chefe de análises da Warren Investimentos, comenta que o mercado foi pego de surpresa com a notícia, já que os conflitos de Prates com o governo pareciam ter ficado no passado.

Para o analista, a notícia é negativa, porque a substituta, Magda Chambriard, seria em sua visão uma executiva com um "viés ideológico mais próximo do desenvolvimentismo".

"Avalio como bastante negativa, primeiro porque traz uma falta de credibilidade, insegurança. Jean Paul Prates estava fazendo um trabalho bem razoável, era um cara bem ponderado, que vem do setor, que conhece a empresa. Fazia uma gestão bem tranquila, tinha um diálogo com o mercado e também com representantes do governo", pontua.

O chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares, tem um ponto de vista diferente. Para ele, a indicação de Magda não é negativa, tendo em vista que ela é uma profissional com uma "parte técnica muito boa" e de uma "carreira bem sucedida", sendo a indicação "bastante adequada".

"A gente acredita que a notícia (da demissão) é ruim, mas não muito ruim. Então, o papel deve cair, mas sem tanto pessimismo", afirma Soares.

O que mais está mexendo com os mercados?

Além disso, os juros locais e internacionais seguem na mira dos investidores nesta semana. Por aqui, o mercado continua repercutindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), divulgada ontem.

Na semana passada, o BC decidiu reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), contrariando suas próprias estimativas — em março, o colegiado havia previsto um corte de 0,50 p.p. na reunião deste mês.

Segundo o documento, apesar do dissenso entre os membros, o colegiado concluiu que o cenário para a inflação nos próximos anos "se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada".

A divisão dos votos na última reunião do Copom trouxe um aumento das incertezas no mercado ao longo da última semana, em meio a temores sobre como deve se dar a transição de gestões no Banco Central (BC).

Após a divulgação do documento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ambas as posições são "técnicas, respeitáveis". "A ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis", completou.

Ele avaliou ainda que a tensão nos mercados se dissipou com a divulgação do documento. "Tinha mais rumor do que verdade, está tudo tranquilo lá."

Já no exterior, o foco fica com os últimos dados de inflação dos Estados Unidos. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve ata de 0,3% em abril, levemente abaixo das expectativas do mercado, de alta de 0,4%.

Investidores também continuam repercutindo as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell.

Em discurso na última terça-feira, o banqueiro central afirmou que espera que a inflação continue a cair ao longo deste ano, embora sua confiança na concretização desse cenário tenha diminuído após uma elevação maior do que o esperado dos preços no primeiro trimestre.

Ainda assim, Powell voltou a dizer que é improvável que o BC norte-americano precise voltar a aumentar os juros, reafirmando que a instituição será "paciente" e permitirá que a atual taxa básica tenha todo o seu impacto.


Via G1.

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